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Foto do escritorNewton Scheufler

Darcy Ribeiro e sandices do capitão



O povo brasileiro, Darcy Ribeiro

Assistir à entrevista do candidato à presidência Jair Bolsonaro me levou de volta à obra capital O Povo Brasileiro, de Darcy Ribeiro. O livro gira em torno da pergunta do próprio Darcy: "Por que o Brasil ainda não deu certo?" Jair Bolsonaro poderia ser uma resposta, mas Darcy fez essa pergunta entre as décadas de 1950 e 1960, o que mostra que o Brasil não muda. Darcy passou, então, 30 anos refinando essa teoria da nossa história, para entender e entendermo-nos a nós mesmos.

Mestiçagem, sincretismo, escravidão, violência colonizadora ou colonização violenta, homogeneização política e cultural e imposições do mercado mundial marcam sua tese sobre este povo novo, povo-nação, povo-massa. A ilha Brasil, sua matriz Tupi e o choque da invasão lusitana sob as bênçãos do Vaticano; o massacre dos povos germinais em sua fé, em sua cultura, em seu conhecimento original - calmecac - na própria vida, "desgastados até a morte" e custando 1/5 do preço de um negro importado, também moído nos engenhos açucareiros.

Darcy fala da falta de qualidades de amor à terra, da falta de intelectualidade nativista e da elite tacanha. Parte da explicação - e não da justificativa, porque é injustificável - do pensamento e da ação de pessoas como Bolsonaro e seus seguidores passa pela teoria darciniana, que dá conta também do apagamento das fontes primárias em nossos livros de História, que dignificam o papel dos invasores ocultando o peso de seu impacto genocida sobre as populações primevas latino-americanas, e da classe dominante brasileira historicamente irresponsável, vendida aos mercados centrais, controladora da mídia, degradada.

Nesse passado que não passa e a poucos dias das eleições, toda a obra de Darcy Ribeiro permanece atual, o conceito de democracia permanece uma farsa e a massa de eleitores que vivem para consumir e serem consumidos pelo avanço neoliberal parece pronta para vender seus votos a adversários naturais: "Um povo sem ser. Impedido de sê-lo".

É urgente a leitura.

 

Denise

Denise Macedo é polemista por vocação,

professora, Doutora e Mestre em Linguística,

com pesquisas na área de

Análise de Discurso Crítica

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