As principais referências estéticas e gráficas da capa do livro Rupturas são o Neoplasticismo de Piet Mondrian e os ensaios tipográficos de Mira Schendel.
Sobre um fundo feito com papel velho e manchado, usado para forrar as mesas do ateliê, desenvolvi a ilustração, formada por grafismos que insinuam uma espécie de paisagem, na qual elementos arquitetônicos de Brasília aparecem em meio a rabiscos ornamentais complementados por um jogo tipográfico de números e de letras, alguns simbólicos, como o Y, que remete à geração Y, descrita no livro; outros puramente ornamentais e sem qualquer conteúdo linguístico. Esses elementos tipográficos foram dispersos pelo plano de fundo segundo uma lógica rítmica, gerando a ideia de desconexão linguística.
A chave de cores foi reduzida ao vermelho, ao cinza, ao preto e ao branco, como em Mondrian, que, além dessas, utiliza mais o azul e o amarelo. Todo o espaço foi construído sob uma lógica construtivista, na qual linhas horizontais e verticais acentuam a sensação de ruptura e de separação entre as diversas áreas da composição.
A tipologia é composta pela fonte Gothan Black, que dá peso e dramaticidade aos títulos. Cabe aqui uma observação em relação à lombada: sempre faço o texto da lombada de cima para baixo, o que permite que o livro, ao ser colocado deitado sobre uma mesa, com a capa para cima, mantenha a legibilidade da lombada, que, caso contrário, ficaria de cabeça para baixo. É apenas um detalhe que não parece receber muita atenção de uma boa parte dos designers gráficos, no entanto, bem sabemos, detalhes podem fazer uma grande diferença.
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